A melhor universidade da África
do Sul não poderia ficar em lugar mais oportuno, na região dos melhores vinhos do
país! A vida universitária em Stellenbosch se mostrou bem animada. Mikail, meu
amigo sul-africano que estuda lá, me pegou na estação e fomos direto para um pub
encontrar seus amigos. Era um domingo, véspera da volta às aulas, os bares pelo
caminho estavam todos lotados.
Free shots!
Chegamos ao Bohemia, um pub bem divertido cheio de estudantes enlouquecidos.
Era dia de bingo, logo que cheguei já ganhei uma cartela para concorrer aos
prêmios. Num primeiro momento fiquei meio perdido, tive ajuda da Adele (amiga
do Mikail, que por sinal também canta bem) para contar meus pontos. Falei que
no Brasil bingo geralmente é um passatempo para idosos. Lá o tradicional jogo
era bem diferente, todos loucos pelas bebidas grátis oferecidas a quem
completasse uma linha ou coluna. Teve também um concurso de quem fizesse a
maior esquisitice no palco, um da nossa mesa foi lá participar e ganhou shots
para todos nós como prêmio. Os participantes eram engraçados, apesar de não me lembrar
quais foram seus truques já na manhã seguinte. Estava na terra dos famosos
vinhos sulafricanos, resolvi apostar na bebida local. Vinho não era uma bebida
pra aquela ocasião, pensei. Mas lá havia uma versão universitária, a wine box. Como não sou um enólogo
exigente, a caixinha de vinho foi uma boa pedida!
Wine box
A festa terminou em uma das
repúblicas da cidade. Fomos para uma casa enorme, com um jardim imenso e uma piscina
convidativa naquela quente noite de verão. Todos lá falavam afrikaans como primeira língua, fiquei
boiando nas conversas. Antes de ir para o dormitório da faculdade, passamos no
labaratório de informática. Mikail e Adele tinham que resolver algo da
matrícula deles e eu aproveitei para entrar na internet. Por incrível que
pareça, tinha gente infurnada dentro da universidade em pleno domingo a
noite! Estendi meu saco de dormir no
chão do dormitório, o desconforto nem incomodou tamanho era o cansaço.
Ruas de Stellenbosch
Não estava muito afim de passeios
turísticos nas vinícolas, resolvi andar pela cidade. Sentei em um simpatico café de esquina com internet grátis, o Vida e Caffè - uma rede inspirada nas cafeterias portuguesas. Além de receber um "obrigado" (em português mesmo) após finalizar meu pedido, estava tocando uma Bossa Nova cantada por Bebel Gilberto. Cidadezinha tranquila, ruas arborizadas, casarões históricos,
cafés e restaurantes aconchegantes. Ia ter um jogo de rugby do time da universidade, os Maties. Todos estavam uniformizados pelas ruas, parecia final de Copa do Mundo. Universidade, estilo as americanas, com
prédios imponentes e estudantes indo e vindo nas sobras das árvores centenárias
de suas calçadas. A maioria esmagadora de seus alunos é de origem afrikaans, todos descendentes dos
colonizadores europeus. Uma aluna me disse que preferiu estudar lá justamente por causa dessa hegemonia branca, pois as outras universidades são “muito
misturadas” – senti um resquício do aparthaid em seu comentário. Segundo o
Mikail, as aulas são bilíngues – coitados dos professores que tem que traduzir
cada frase dita em inglês para o afrikaans e vice versa. Fiquei um tempo ali
observando o vai e vem dos alunos, entrei em um dos prédios e me impressionei.
Não lembra em nada as sucateadas universidades federais brasileiras, mesmo
sendo em um país mais pobre que o nosso. O Brasil tem muito a aprender, na área
da educação, com seu parceiro no BRICS (grupo de países emergentes formado pelo Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul).
Estudantes da Stellenbosch University
Vídeo da partida de Rugby
Maties x TUT, Varsity Cup
Meu ônibus para Jeffrey’s Bay partiria
no início da noite, mal daria tempo para ver o jogo de rugby, mas decidi
arriscar. Era pelo campeonato universitário, Varsity Cup. O estádio estava lotado, a fila do bar também. Era um olho no campo e
outro no relógio, mas pude aproveitar o animado início de partida. O sol já
estava se pondo, seus raios irradiavam a torcida, esperei terminar o primeiro
tempo e tive que partir. Torci para o ônibus estar atrasado, cheguei apressado
no ponto, em baixo de uma passarela em uma tranquila avenida. Perguntei se o
busão já tinha passado para um grupo de estudantes que estava lá bebendo,
disseram que ainda não. Ufa! Eles estavam indo pra Grahamstown, onde a Jeannine
(minha roommate no Monkeyland) também estudava, outra cidade universitária que
estava no meu roteiro. Aproveitei e pedi algumas dicas de lá. O ônibus chegou
depois de uns 20 minutos de espera, era a com mesma atendente da outra vez!
Lógico que ela não se lembrava de mim, mas eu disse sorridente: “You again!” (Você de
novo!). Quase que um dos estudantes não pode embarcar, estava muito bêbado! A
paisagem da janela já era familiar, ao contrário do meu próximo destino, onde
não conhecia ninguém.
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