domingo, 9 de setembro de 2012

Vinho universitário


Cheguei


A melhor universidade da África do Sul não poderia ficar em lugar mais oportuno, na região dos melhores vinhos do país! A vida universitária em Stellenbosch se mostrou bem animada. Mikail, meu amigo sul-africano que estuda lá, me pegou na estação e fomos direto para um pub encontrar seus amigos. Era um domingo, véspera da volta às aulas, os bares pelo caminho estavam todos lotados.



Free shots!


Chegamos ao Bohemia, um pub bem divertido cheio de estudantes enlouquecidos. Era dia de bingo, logo que cheguei já ganhei uma cartela para concorrer aos prêmios. Num primeiro momento fiquei meio perdido, tive ajuda da Adele (amiga do Mikail, que por sinal também canta bem) para contar meus pontos. Falei que no Brasil bingo geralmente é um passatempo para idosos. Lá o tradicional jogo era bem diferente, todos loucos pelas bebidas grátis oferecidas a quem completasse uma linha ou coluna. Teve também um concurso de quem fizesse a maior esquisitice no palco, um da nossa mesa foi lá participar e ganhou shots para todos nós como prêmio. Os participantes eram engraçados, apesar de não me lembrar quais foram seus truques já na manhã seguinte. Estava na terra dos famosos vinhos sulafricanos, resolvi apostar na bebida local. Vinho não era uma bebida pra aquela ocasião, pensei. Mas lá havia uma versão universitária, a wine box. Como não sou um enólogo exigente, a caixinha de vinho foi uma boa pedida!


Wine box
A festa terminou em uma das repúblicas da cidade. Fomos para uma casa enorme, com um jardim imenso e uma piscina convidativa naquela quente noite de verão. Todos lá falavam afrikaans como primeira língua, fiquei boiando nas conversas. Antes de ir para o dormitório da faculdade, passamos no labaratório de informática. Mikail e Adele tinham que resolver algo da matrícula deles e eu aproveitei para entrar na internet. Por incrível que pareça, tinha gente infurnada dentro da universidade em pleno domingo a noite!  Estendi meu saco de dormir no chão do dormitório, o desconforto nem incomodou tamanho era o cansaço.

Ruas de Stellenbosch
Não estava muito afim de passeios turísticos nas vinícolas, resolvi andar pela cidade. Sentei em um simpatico café de esquina com internet grátis, o Vida e Caffè - uma rede inspirada nas cafeterias portuguesas. Além de receber um "obrigado" (em português mesmo) após finalizar meu pedido, estava tocando uma Bossa Nova cantada por Bebel Gilberto. Cidadezinha tranquila, ruas arborizadas, casarões históricos, cafés e restaurantes aconchegantes. Ia ter um jogo de rugby do time da universidade, os Maties. Todos estavam uniformizados pelas ruas, parecia final de Copa do Mundo. Universidade, estilo as americanas, com prédios imponentes e estudantes indo e vindo nas sobras das árvores centenárias de suas calçadas. A maioria esmagadora de seus alunos é de origem afrikaans, todos descendentes dos colonizadores europeus. Uma aluna me disse que preferiu estudar lá justamente por causa dessa hegemonia branca, pois as outras universidades são “muito misturadas” – senti um resquício do aparthaid em seu comentário. Segundo o Mikail, as aulas são bilíngues – coitados dos professores que tem que traduzir cada frase dita em inglês para o afrikaans e vice versa. Fiquei um tempo ali observando o vai e vem dos alunos, entrei em um dos prédios e me impressionei. Não lembra em nada as sucateadas universidades federais brasileiras, mesmo sendo em um país mais pobre que o nosso. O Brasil tem muito a aprender, na área da educação, com seu parceiro no BRICS (grupo de países emergentes formado pelo Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul).

Estudantes da Stellenbosch University

Vídeo da partida de Rugby

Maties x TUT, Varsity Cup
Meu ônibus para Jeffrey’s Bay partiria no início da noite, mal daria tempo para ver o jogo de rugby, mas decidi arriscar. Era pelo campeonato universitário, Varsity Cup. O estádio estava lotado, a fila do bar também. Era um olho no campo e outro no relógio, mas pude aproveitar o animado início de partida. O sol já estava se pondo, seus raios irradiavam a torcida, esperei terminar o primeiro tempo e tive que partir. Torci para o ônibus estar atrasado, cheguei apressado no ponto, em baixo de uma passarela em uma tranquila avenida. Perguntei se o busão já tinha passado para um grupo de estudantes que estava lá bebendo, disseram que ainda não. Ufa! Eles estavam indo pra Grahamstown, onde a Jeannine (minha roommate no Monkeyland) também estudava, outra cidade universitária que estava no meu roteiro. Aproveitei e pedi algumas dicas de lá. O ônibus chegou depois de uns 20 minutos de espera, era a com mesma atendente da outra vez! Lógico que ela não se lembrava de mim, mas eu disse sorridente: “You again!” (Você de novo!). Quase que um dos estudantes não pode embarcar, estava muito bêbado! A paisagem da janela já era familiar, ao contrário do meu próximo destino, onde não conhecia ninguém.

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